Todo mês de setembro chamamos a atenção para o suicídio e para a necessidade da conscientização e da prevenção. Ele é a segunda causa de morte em jovens de 15 a 29 anos e acomete mais pessoas jovens e na faixa dos 70 anos de idade. A taxa geral de suicídio no Brasil é de 5,3 por cada 100 mil habitantes, considerada alta para países em desenvolvimento (as taxas de suicídio são mais altas em países desenvolvidos, como EUA, Canadá e a maioria dos países europeus).
Um aspecto que preocupa é que a maioria das pessoas que comete suicídio o faz antes de procurar um psiquiatra e muitos terminam com a vida sem dar qualquer alarde, sem que ninguém da família perceba antes ou possa fazer algo para evitar. Uma das razões para isso é o tabu em que falar de suicídio se transformou. Muitos acreditam que falar sobre o assunto pode estimular um comportamento suicida, quando a ciência mostra ser justamente o contrário.
Pessoas que têm ideias suicidas estão sofrendo de uma angústia insuportável e muitas querem falar disso, mas não sabem como. Outras têm ideias de suicídio, mas possuem vergonha ou medo de falar no assunto, guardando para si todo o sofrimento. Já outras pensam que essas ideias são normais e que não correm risco, mas muitas têm medo de perder o controle, partindo para o ato. Mas em todas as situações, falar de suicídio traz alívio e saber que podem contar com a ajuda de alguém pode ser um divisor de águas entre a vida e a morte.
A procura por um psiquiatra é o passo fundamental, pois ideação suicida tem tratamento e em geral a resposta é rápida. Com o tratamento médico e o acompanhamento psicológico e familiar adequados, a pessoa experimenta um alívio para aquele sofrimento mais agudo e as ideias de suicídio perdem força, tirando a pessoa de uma zona de risco.
Entretanto, as resistências a procurar um psiquiatra são grandes, principalmente para aqueles que nunca procuraram. E as tentações por soluções rápidas e milagrosas são perigosas.
A automedicação é uma delas. A maioria das medicações psiquiátricas pode agravar ideias de suicídio ou precipitar um comportamento suicida se ela não for criteriosamente prescrita. Embora essas medicações possam muitas vezes reduzir ideias suicidas e tratar sintomas depressivos, no início do efeito, quando ainda não atingiram sua eficácia, podem agravar momentaneamente o quadro. Se a pessoa não estiver em um acompanhamento adequado, pode não ter a quem recorrer e ficar mais vulnerável a um comportamento suicida.
Portanto, é necessário que um paciente com ideias de suicídio e sua família estejam em acompanhamento regular com psiquiatra e psicólogo e tenham acesso a eles em momentos de crise.
O uso indiscriminado de antidepressivos e ansiolíticos, seja por conta própria ou sem o devido acompanhamento do especialista, pode agravar e precipitar um comportamento suicida.
Pensamentos comuns do tipo “quem quer se matar não fala, faz”, “a pessoa só quer chamar atenção”, “quem quer se matar é covarde e fraco” são extremamente perigosos e podem ser um incentivo arriscado para as pessoas que estão mais vulneráveis e que precisam de ajuda e não de se sentirem ainda mais estigmatizadas.
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