Anticolinérgicos
Anticolinérgico é o nome da classe dos medicamentos que agem no cérebro bloqueando receptores de um neurotransmissor chamado acetilcolina. Dentre outras indicações, eles reduzem os efeitos de impregnação causados pelos antipsicóticos, melhorando os efeitos do tipo parkinsoniano, como tremores, rigidez muscular, bradicinesia e hipersalivação. Os mais utilizados no Brasil são a prometazina (Fenergan) e o biperideno (Akineton).
É comum a associação dessas substâncias com antipsicóticos, principalmente os de primeira geração e de alta potência, que causam efeitos de impregnação com maior frequência. É importante compreender que eles não tratam os sintomas da esquizofrenia, mas apenas diminuem os efeitos parkinsonianos.
Por outro lado, os anticolinérgicos também possuem efeitos colaterais que podem se somar aos do antipsicótico. Os mais comuns são: boca seca, prisão de ventre, sonolência (prometazina), excitação (biperideno), retenção urinária, visão embaçada.
No caso da prometazina, por sua ação sedativa, ela pode ser também utilizada com esta finalidade.
Tranqüilizantes
Os tranqüilizantes ou calmantes, principalmente da classe dos benzodiazepínicos, são medicacões para ansiedade (efeito ansiolítico) e para insônia (efeito hipnótico). Eles são vendidos com a receita azul (tipo B) e possuem uma tarja preta na caixa com um aviso do potencial risco de causarem dependência.
Os mais utilizados no Brasil são: diazepam (Valium), bromazepam (Lexotan), clonazepam (Rivotril), alprazolam (Frontal), lorazepam (Lorax), cloxazolam (Olcadil), flunitrazepam (Rohypnol), midazolam (Dormonid) e nitrazepam (Nitrazepol). Existem ainda hipnóticos que não pertencem à mesma classe dos anteriores e que possuem um menor risco de causar dependência. Os mais prescritos são o zolpidem (Stilnox) e o zolpiclone (Imovane), são vendidos com a receita controlada branca e a tarja da caixa é vermelha.
Esses medicamentos podem ser utilizados na esquizofrenia quando ocorre ansiedade importante, com ou sem sintomas psicossomáticos, como taquicardia, falta de ar, tremores, sudorese, inquietação motora, nervosismo e ataques de pânico, ou no tratamento da insônia. Eles não tratam os sintomas positivos ou negativos da esquizofrenia e não possuem ação antipsicótica.
Os principais efeitos colaterais são: sonolência, relaxamento muscular, lentidão dos reflexos e do movimento, alterações da marcha, fala arrastada, desinibição do comportamento, problemas de memória e o potencial de causar dependência física.
O risco de dependência está muitas vezes relacionado ao abuso, quando o paciente aumenta a dose por conta própria. Como ocorre com o tempo uma tolerância do organismo aos efeitos do medicamento, o paciente pode necessitar de uma dose maior para obter o mesmo efeito anterior. Isto não ocorre com os antipsicóticos, que não possuem risco de dependência física e têm eficácia duradoura.
Estabilizadores de humor
Os estabilizadores atuam principalmente sobre o humor, sendo indicados em pacientes com humor exaltado, inadequado ou irritável ou que tenham comportamentos impulsivos e agressivos. Eles são o principal tratamento do Transtorno Bipolar (TBH), mas podem também ser úteis como adjuvantes no tratamento da esquizofrenia.
As substâncias com propriedades estabilizadoras do humor são: alguns anticonvulsivantes, como carbamazepina (Tegretol), ácido valpróico/valproato de sódio (Depakene, Depakote), oxacarbazepina (Trileptal) e lamotrigina (Lamictal), e o carbonato de lítio (Carbolitium). Recentemente alguns antipsicóticos de segunda geração ou atípicos foram aprovados para o tratamento do TBH por também possuírem propriedades estabilizadoras.
Os estabilizadores não possuem ação antipsicótica e, portanto, não são indicados como terapia isolada na esquizofrenia. A combinação com o antipsicótico pode ter efeito aditivo sobre o humor e o comportamento.
Os efeitos colaterais variam de acordo com a substância utilizada, mas podem ocorrer efeitos gastrointestinais, como náuseas e diarréia, tremores, sonolência, tonteira, dentre outros.
No caso do lítio, é necessário controle dos níveis no sangue para verificar o alcance da dose terapêutica e para prevenir a intoxicação. É importante que o paciente beba bastante líquido e se mantenha hidratado.
Antidepressivos
Os antidepressivos podem ser necessários para o tratamento de quadros depressivos. A depressão na esquizofrenia é conhecida como “depressão pós-esquizofrênica”, por ocorrer com maior frequência após a fase aguda de psicose. Alguns pacientes podem ter maior consciência de sua doença nesse período, predispondo-os mais. O diagnóstico costuma ser difícil, pois os sintomas depressivos podem ser confundidos com os negativos, mais comuns na doença.
Os pacientes deprimidos apresentam sintomas negativos mais graves, maior desânimo, apatia, isolamento e falta de prazer e iniciativa nas atividades habituais. O sentimento persistente de tristeza é indicativo de depressão e permite a diferenciação com os sintomas negativos. Podem ocorrer sentimentos de culpa, menos-valia, baixa auto-estima e idéias de suicídio.
O antidepressivo pode ser associado ao tratamento nesses quadros. Os antipsicóticos atípicos ou de segunda geração têm efeito antidepressivo pela ação sobre a serotonina, mas isoladamente podem não ser suficientes para o tratamento da depressão.
A classe de antidepressivos mais utilizada é a dos inibidores seletivos de recaptura de serotonina (ISRS), da qual fazem parte fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram e fluvoxamina. Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, vômitos, diarréia ou constipação, perda de apetite, emagrecimento e boca seca, dentre outros, que podem melhorar ou desaparecer após 1 semana de tratamento.
Existem outros tipos de antidepressivos que podem ser prescritos de acordo com as particularidades de cada caso e seu perfil de ação.
Existe um risco de piora dos sintomas positivos (delírios e alucinações) com o uso dos antidepressivos e familiares precisam estar alertas, caso isso ocorra, para informar ao médico-assistente.