Uma pesquisa inédita realizada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia – ABRE – em parceria com o Programa de Esquizofrenia da Unifesp – PROESQ, revelou pela primeira vez o impacto da recaída para pacientes com esquizofrenia e seus cuidadores. Realizada pelo Ibope e apoiada pela Janssen Farmacêutica, a pesquisa contou com duas partes: uma quantitativa (envolvendo 60 cuidadores) e outra qualitativa (mais extensa, de profundidade, envolvendo 12 cuidadores). Todos os entrevistados são associados à ABRE.

Os resultados da pesquisa quantitativa revelaram que para 38% dos entrevistados, o fator mais importante no sucesso no tratamento é ter acesso a um psiquiatra. Já 27% acham que a disponibilidade de medicamentos e tratamentos são primordiais e 25% apontaram que é fundamental ter acesso a um medicamento específico que ajude a evitar as recaídas. Apenas 8% consideram mais importante que o paciente trabalhe ou estude.

Além disso, os cuidadores percebem a correlação direta entre medicamento e a prevenção de recaídas. Para 81% deles é possível prevenir a recaída por meio da adesão ao tratamento. No entanto 60% acham que a atitude principal é evitar situações que causem estresse.

Para o psiquiatra Rodrigo Bressan, coordenador do PROESQ/Unifesp, a pesquisa da ABRE é um grande passo para dar voz às pessoas que sofrem com a esquizofrenia, tanto cuidadores, quanto familiares. “A pesquisa mostrou que evitar a recaída é a principal luta dos cuidadores. Eles estão cada vez mais conscientes de que a prevenção é o melhor caminho para isso e que é preciso medicações cada vez mais eficazes somadas ao tratamento multidisciplinar”, afirma.

Na opinião do especialista, a prevenção de recaídas passa por um diagnóstico precoce e bem realizado, melhor entendimento do que é a doença, a compreensão do estigma da doença e o trabalho de forma cooperada entre todos os envolvidos: cuidadores, familiares, os médicos e demais profissionais de saúde e o próprio paciente.

A recaída dos sintomas psicóticos é um grande transtorno para os cuidadores, pois além de ver o paciente em sofrimento, muitas vezes é necessário que mais de uma pessoa da família deixe de trabalhar ou estudar para cuidar do paciente. “A dinâmica da família fica alterada com possíveis consequências nas relações entre os membros e, certamente, com aumento dos custos econômicos para o núcleo familiar”, afirma Bressan.

Esse problema também foi apontado pela pesquisa. Praticamente todos os entrevistados afirmaram que a recaída do paciente interfere em suas vidas, principalmente afetando os relacionamentos. Dois terços afirmaram que o convívio com os amigos ou familiares diminuiu de alguma forma, mas que isso não dependia necessariamente dos episódios de recaídas. Boa parte acredita que seja possível prevenir recaídas e quase todos acreditam que a melhor forma seja por meio da medicação. Apesar de a psiquiatria ser uma especialidade médica estigmatizada pela maioria da população, entre os cuidadores o profissional é visto como o fator mais importante no sucesso do tratamento.

Com relação às tarefas diárias e ao tratamento, 30% dos entrevistados apontaram que a maior dificuldade é fazer o paciente tomar o medicamento e 25% acreditam que conseguir um trabalho e/ou estudo seja mais complicado. Já 20% falaram que o mais difícil é a disponibilidade do medicamento e tratamento (com Tino Projetos em Comunicação).

Fonte: bonde.com.br

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