Pela primeira vez, um grupo de cientistas descobriram como visualizar as alterações na atividade genética de um cérebro vivo. A técnica de varredura do cérebro pode ajudar em descobertas no tratamento de Alzheimer, esquizofrenia e outros distúrbios neurológicos. Ela também pode ser bastante útil para verificar se as drogas destinadas a tratamentos neurológicos funcionam da maneira como são propostas.

Os pesquisadores se concentraram em moléculas que regulam a força com que o DNA envolve as proteínas que servem como unidades estruturais pra o nosso material genético. Para ilustras, pense no DNA como uma corda e estas proteínas como um carretel. A maneira frouxa ou firme com que a corda é enrolada em torno do carretel tem efeitos diferentes sobre como o DNA se expressa. As moléculas, chamadas de histonas desacetilases, são parte determinante no quão bem o DNA é enrolado. Na doença de Alzheimer, por exemplo, os níveis elevados dessas histonas desacetilases (HDACs) são encontradas em partes do cérebro que regula a memória.

Para ter uma noção melhor de como as HDACs funcionam, cientistas liderados por Hsiao-Ying Wey e Tonya Gilbert, do Harvard Medical School, passaram sete anos desenvolvendo um composto químico chamado de [11c]Martinostat, que se liga aos HDACs, mostrando aos pesquisadores onde as enzimas estão no cérebro e quanto delas existem. Após injetarem o composto em oito pacientes saudáveis, os pesquisadores conseguiram o “primeiro vislumbre em cérebros humanos vivos” de como estas enzimas trabalham, segundo afirmou Jacob Hooker, co-autor do estudo e diretor de radioquímica.

Atividade Cerebral

Os resultados obtidos são um grande passo no campo chamado epigenética. Esta foi a primeira vez que os estudos avançaram para além de testes com ratos. Os pesquisadores conseguiram descobrir que o padrão de enzimas HDAC é mais consistente do que havia previsto, o que sugere novos caminhos para pesquisas de doenças cerebrais. “Estamos tomando conhecimento de que estas enzimas desempenham um papel em doenças como depressão e dependência”, disse Mira Jakovcevski, pesquisador de epigenética no Instituto Max Planck de Psiquiatria. No passado, os cientistas estudavam o tecido cerebral de pacientes psiquiátricos após sua morte, o que acarretava em níveis anormais de HDAC. As pesquisas não era eficientes, visto que estudos em tecidos cerebrais mortos ou em camundongos não dizem muito sobre como as enzimas funcionam no cérebro humano vivo. “É extremamente importante conhecer diretamente a forma como as enzimas são distribuídas no cérebro vivo”, disse Jakovcevski, “e esta é uma maneira muito elegante de fazê-lo”.

A nova técnica não é perfeita, mas é o primeiro passo. Os cientistas ainda não sabem como os níveis de HDAC podem afetar naturalmente um cérebro saudável, ou como ele está relacionado ao envelhecimento. Também é preciso tempo para que mais métodos de rastreamento de outras enzimas HDAC sejam utilizados. “Só porque podemos ver onde as HDACs estão trabalhando não significa automaticamente que entendemos como interpretar os sinais”, disse Hooker.

Para Hooker e sua equipe, o próximo passo é aprender a reconhecer quando algo está diferente em pacientes. Eles receberam um financiamento para estudar pessoas com esquizofrenia, doença de Alzheimer e doença de Huntington – doença hereditária que traz problemas de mobilidade e demência. Isto significa que os cientistas poderão digitalizar pacientes no momento do diagnóstico e saber com mais precisão qual o nível de enzimas e como elas se comportam em certos sintomas.

Fonte: Canal Tech

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