Os medicamentos antipsicóticos, prescritos a quem sofre de desordem bipolar, esquizofrenia, ou outros transtornos mentais, são conhecidos por terem como efeitos secundários obesidade e diabetes.

Num artigo agora publicado no jornal «Molecular Psychiatry», investigadores do Sanford-Burnham Medical Research Institute revelam como estas drogas interferem com o metabolismo, ativando uma proteína chamada SMAD3, uma importante parte da via do fator de transformação do crescimento beta (transforming growth factor beta – TGF-?).

A via do fator TGF-? é um mecanismo celular que regula muitos processos biológicos, incluindo o crescimento celular, as inflamações e a produção de insulina. No estudo, todos os antipsicóticos que provocam efeitos secundários no metabolismo ativaram a SMAD3, enquanto aqueles que não provocam esses efeitos não ativaram a proteína.

A investigação revela também que essa ativação é completamente independente dos seus efeitos terapêuticos, levantado a possibilidade de que esta medicação poder ser alterada para manter os seus efeitos benéficos sem os efeitos metabólicos negativos.

O investigador Fred Levine, diretor do Sanford Children’s Health Research Center e um dos autores do estudo, acredita que “muitos dos antipsicóticos provocam obesidade e diabetes porque desencadeiam a via do TGF-?”. Em estudos anteriores sobre a diabetes, o cientista procurou outras drogas conhecidas por alterarem a capacidade do corpo gerar insulina. Foi aí que eles perceberam que muitos antipsicóticos alteram a atividade do gene da insulina.

A via do factor do TGF-? tem também um papel importante em doenças metabólicas em pessoas que não tomam este tipo de medicação. “Sabe-se que as pessoas que têm altos níveis de TGF-? são mais propensas a ter diabetes. Assim sendo, quando a via do TGF-? é desregulada – devido a antipsicóticos ou qualquer outro mecanismo – é, claramente, algo negativo”, diz o investigador.

Levine considera que estas conclusões deviam preocupar as companhias farmacêuticas. “Esperamos que estas novas informações façam com que se venha a melhorar este tipo de medicamento”, conclui.

Fonte: Ciência Hoje (Portugal)

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