Pesquisa com portadores de esquizofrenia e seus familiares revelou que quando a família aceita a doença, o esquizofrênico se sente bem. E ainda, o início da doença é o período mais difícil para os familiares, devido à falta de informação e à dificuldade em aceitar o que ocorre com o doente. Logo após, vem a fase da necessidade de paciência, equilíbrio entre independência e vigilância, e lidar com os avanços no tratamento.
Em relação ao futuro, os relatos indicam o apego a um sentimento de esperança. “Eles têm esperança na ciência, que se descubra a cura e, portanto no tratamento medicamentoso correto que promova a cura”, afirma a assistente social e autora do estudo, Maria Cristina Ferri Santoro. “E em relação à responsabilidade pelo cuidado, os entrevistados também têm esperança de encontrar os recursos para o cuidado dentro da família e de seu contexto sócio-cultural”.
O estudo, diz Maria Cristina, aponta ainda, para a urgente necessidade de se ouvir o portador de transtorno mental e seus familiares sobre a responsabilidade da família de cuidar do adoecido. “O principal objetivo foi saber como as famílias constroem suas práticas de cuidado ao longo do tempo e para isso foram convidados portadores de esquizofrenia e seus familiares, que participam do Grupo em Uso de Medicações Antipsicóticas Atípicas (GRUMA) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão (HCFMRP)”.
Para o estudo foram entrevistadas 26 pessoas, oito portadores de esquizofrenia e 18 familiares, representando 14 famílias que convivem com essa doença há mais de dez anos.
Para a coleta de dados a pesquisadora utilizou entrevista aberta, genograma, uma árvore familiar que representa a estrutura interna da família, e questionário sócio-demográfico, com idade, sexo, estado civil, escolaridade, profissão, composição familiar, moradia e renda mensal. “O genograma foi utilizado como estratégia de aproximação e preparo do ambiente da entrevista”, explica a pesquisadora.
Maria Cristina destaca que entre os familiares participantes poucos ainda demonstram dificuldade para aceitar o diagnóstico de esquizofrenia. Porém, os familiares que demonstram esta dificuldade, reconhecem que se conseguissem aceitar estariam sofrendo menos. “Observa-se nos relatos dos entrevistados que a família se vê como a primeira e única instituição de cuidado”, conclui.
O mestrado “A trajetória de cuidado ao portador de esquizofrenia: narrativas familiares” foi orientado pela professora Sueli Aparecida Frari Galera, no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Ribeirão (EERP) e defendido em março de 2012.
Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma doença que se caracteriza pela dificuldade que a pessoa apresenta de diferenciar a realidade de suas crenças e percepções muito incomuns. Ela aparece normalmente entre o final da adolescência e começo da vida adulta e atinge cerca de 1% da população.
É um transtorno mental em que o paciente tem os sintomas de alterações do pensamento, alucinações, delírios e alterações no contato com a realidade.
A pessoa passa a acreditar que a realidade se apresenta de uma maneira diferente, suas idéias e pensamentos apresentam conteúdos que para ela são verdade, mas que não estão realmente acontecendo.
As percepções dos cinco sentidos também ficam modificadas, a pessoa passa a ter percepções sem que haja o estímulo externo. Sente cheiro e gostos diferentes em alimentos saudáveis, pode ter visões sem os objetos reais e pode ter formigamento e outras sensações no corpo.
Os pensamentos podem ficar confusos e a pessoa passa a ter uma perda da vontade para realizar suas atividades. Há uma dificuldade em expressar os sentimentos e emoções, passando a impressão de que perdeu estas capacidades.
“A esquizofrenia é uma doença crônica, com tratamento por prazo indeterminado. O acompanhamento da família é um recuso fundamental para o tratamento”, alerta Maria Cristina.



e como devemos fazer quando temos um equizofrenico na familia e o proprio não reconhece a doença nem mesmo aceita tratamento, ajuda. desta forma adoeçe toda a familia.