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Descoberta genética pode abrir a “caixa preta” da esquizofrenia.

por | jan 31, 2016 | 4 Comentários


Cientistas americanos descobriram que o risco de esquizofrenia nos jovens está ligado a um determinado gene do sistema imunológico que controla o processo conhecido como “poda sináptica”, a redução de células de conexão cerebral que não são mais necessárias ao corpo. Publicada na última quarta-feira (27) no periódico Nature, o estudo foi recebido como um importante marco no desenvolvimento de métodos para o diagnóstico precoce da doença e novos tratamentos.

Realizada por neurocientistas e geneticistas de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a pesquisa analisou 29.000 casos de esquizofrenia, 36.000 pessoas sem a doença e 700 cérebros de pacientes que morreram em decorrência da esquizofrenia. Eles colheram informações de cerca de 22 países do globo e identificaram, durante a pesquisa, o papel decisivo do gene C4 (ou componente complementar 4).
Localizado no cromossomo 6, o gene C4 sinaliza quais sinapses – conexões cerebrais que transmitem dados de um neurônio a outro – devem ser eliminadas durante o processo normal de “poda sináptica”. O que os pesquisadores perceberam foi que, em pacientes com esquizofrenia, uma única variação do C4 na sequência do DNA pode levar à eliminação de células que deveriam continuar em funcionamento, resultando em perda de massa cinzenta. “O gene está marcando sinapses demais, e elas estão sendo devoradas” explicou Beth Stevens, neurocientista do Children’s Hospital and Broad e co-autora da pesquisa.

“Pela primeira vez a origem da esquizofrenia não é mais uma completa ‘caixa preta’. Estudos recentes sobre o mecanismo biológico do câncer têm levado a muitos novos tratamentos”, disse Eric Lander, diretor do Board Institute, instituto do MIT que liderou as pesquisas. A esquizofrenia, que tem como principal sintoma a psicose, afeta mais de 25 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O estudo publicado na Nature não indica que a cura da doença esteja próxima – seus mecanismos patogênicos ainda intrigam médicos e cientistas -, mas traz informações importantes para outras pesquisas nos campos da neurociência e genética.

Fonte: Veja.com

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4 Comentários

  1. David Mendes

    Os esquizofrênicos de hoje são os filhos dos ignorantes de ontem.

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  2. fabricio serrao

    Isso significa então que a antiga denominação de esquizofrenia como doença degenerativa (demência precoce) é verdadeira? E ainda, torna mais difícil a descoberta de uma cura em curto prazo? Já que as doenças de natureza genética ainda estão carentes de terapias eficazes no presente momento.

    Saudações,

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    • Editor do Portal

      Fabricio, de forma alguma! Antigamente acreditava-se que a genética era uma sentença, que o que ali estava determinado, estaria fadado a ocorrer. Hoje sabemos que não é assim. O conceito de plasticidade genética significa que um gene pode ser ativado ou silenciado na presença de fatores do ambiente, drogas, medicamentos, etc. Portanto, descobertas genéticas abrem oportunidades para desenvolvimento de novos tratamentos, mais eficazes e capazes de prevenir ou mesmo alterar o curso natural de uma doença. É disso que esse artigo trata. Conhecer esses mecanismos genéticos podem facilitar o desenvolvimento de medicamentos que sejam capazes de bloquear a expressão gênica e evitar o adoecimento. Outro aspecto é que nosso cérebro é plástico e está o tempo todo fazendo novas conexões. Estudos demonstram também que o tratamento com antipsicóticos, p.ex., aumentam a massa cinzenta ou a espessura cortical e podem atuar como neuroprotetores. Portanto, essas mudanças, quando ocorrem, elas não são definitivas como numa demência, em que há morte neuronal. Tratamentos, mudanças de hábitos e qualidade de vida,enfim, a recuperação da pessoa, podem ajudar na reconfiguração do cérebro e de suas conexões. Ainda há muito para ser descoberto!

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  3. VICTOR BRITO

    A melhor descoberta que temos é conhecermo-nos a nós próprios, mas mesmo assim ainda continuamos na incerteza, é dificil lidar com ela mas é possivel, mas há momentos em que queremos desistir, mas é preciso ter coragem para ir em frente, senão acabamos, na sargeta como lixo social, os
    psiquiatras terão de mudar o seu paradigma velho, os governos terão que apoiar mais na area de saude mental, mas a idade é um factor importante e a ter em conta na esquizofrenia é nessa altura que necessitamos de todo o apoio de quem nos rodeia..Isto sem descartar que as descobertas cientificas nesta area são bem vindas

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