Rio –  Pacientes que dependem de remédios fornecidos pelo Estado através da Central de Medicamentos Especializados (Riofarmes) precisam contar com a sorte e ter muita paciência. Para tentar fazer valer seu direito, eles enfrentam filas longas, burocracia, inflexibilidade e, pior: a falta de produtos na unidade. São pelo menos 12 as histórias de sofrimento de pessoas que, muitas vezes sem dinheiro para comprar as medicações, ficam sem tratamento.

Equipe de O DIA foi à Riofarmes na manhã de 29 de fevereiro, quarta-feira, conferir o atendimento à população. O cenário é bem diferente do prometido pelo secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes em outubro de 2010, quando a central foi inaugurada: garantia de medicamentos (se não houvesse, o usuário seria avisado por mensagem no celular), atendimento humanizado, sem filas, respeitando hora marcada.

A central também teria funcionários bem preparados e dispensaria a burocracia: o prazo para receber o remédio seria de até uma semana após efetuar o cadastro.

No período de duas horas em que a equipe esteve no local, recebeu pelo menos 14 reclamações de quem estava na fila — demora no atendimento e até grosserias cometidas por funcionários. No entanto, a maior queixa era sobre a burocracia: por causa de pequenos erros cometidos por médicos, muitas pessoas ficam sem os medicamentos.

Um dos erros mais comuns é em relação ao número de comprimidos solicitados: a farmácia impõe limite para que o paciente receba a medicação. Se o médico escreve na receita número maior do que o “permitido” pela central estadual, o paciente não recebe o medicamento. É o caso da aposentada Erivan Alves, 67. Ela foi pela segunda vez buscar o medicamento Olanzapina para o enteado do filho, que tem esquizofrenia, mas não conseguiu.

“O nome da doença estava errado. Fui ao hospital, peguei nova receita e voltei. Agora o problema é a quantidade de comprimidos. Fiquei quatro horas esperando para nada e vou voltar para casa sem o remédio”, lamentou.

Farmácia desabastecida, paciente sem informação

Na época em que a farmácia foi inaugurada, em outubro de 2010, a secretaria ressaltou que umas das vantagens da nova central seria “a rotina de confirmação de agenda” por mensagem de celular que permitiria que o paciente fosse avisado “em caso de desabastecimento”. A realidade é diferente.

“Tenho que ficar voltando toda semana para saber se meu remédio chegou. Se eu não vier, fico sem”, disse o motorista Marcelo Canedo, que enfartou em dezembro e precisa de atorvastatina 20 mg. “Na central só tem de 10 mg. Poderiam me dar dois comprimidos para completar 20 mg. Estou sem tratamento”, disse.

Criação de novos pólos

Após ser comunicada por O DIA sobre os problemas, a Secretaria Estadual de Saúde anunciou que está trabalhando na reestruturação de pólos de distribuição de medicamentos especializados e criação de novas unidades para diminuir o volume de pacientes atendidos na Riofarmes. Até abril, uma nova central será inaugurada em Duque de Caxias. Além disso, segundo o órgão, até 2014, um total de 11 novas centrais de medicamentos serão abertas em todo o estado.

De acordo com a secretaria, o atendimento na farmácia demora porque “muitos pacientes não respeitam o horário de agendamento e comparecem no local em datas em que não estão agendados”. Em relação aos erros que fazem com que o paciente não receba o remédio, o órgão explicou que “representam problemas que inviabilizam a prestação de contas ao Ministério da Saúde e que podem gerar a suspensão do reembolso e/ou reposição do medicamento”.

Sobre a hidroxicloroquina e atorvastina, o órgão informou que “até o final deste mês o estoque estará regularizado”.
Já a amatandina não tem prazo definido: “Apesar de vários processos de compra terem sido abertos, não houve interessados nas licitações”.

Fonte: O Dia

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