Um grupo de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP), em parceria com cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, deu um passo importante no tratamento da esquizofrenia, doença psiquiátrica que causa alucinações e problemas cognitivos. Em trabalho que acaba de ser publicado na revista JAMA Psychiatry, os integrantes do estudo testaram um medicamento inicialmente elaborado para combater a hipertensão arterial sistemica – um tipo mais grave da doença – que tem potencial de amenizar os principais sintomas do distúrbio mental.

Depois de sete anos de pesquisa, os cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) evidenciaram os efeitos positivos, e a princípio sem resultados colaterais, da aplicação do nitroprussiato de sódio. De acordo com Jaime Hallak, um dos coordenadores do estudo, o remédio criado em 1893 ajuda a aumentar no organismo os índices de óxido nítrico, em baixa nos pacientes com a doença.

A droga foi testada em animais e depois em 10 pacientes. Segundo Hallak, o remédio se mostrou eficaz na melhora do funcionamento do sistema nervoso central. “Os resultados foram muito animadores. Foram vistos imediatamente, após algumas horas de administração. Você já observa a melhora dos pacientes em relação a seus sintomas mais proeminentes”, disse o pesquisador da USP, que, apesar disso, não confirma a cura definitiva para a esquizofrenia.

Hallak explicou que os testes ainda continuarão pelos próximos três anos. “Estamos desenvolvendo estudos para doses repetidas e para que não seja necessária a aplicação intra-hospitalar, mas que o indivíduo possa tomar essa medicação em sua própria casa.”

Mesmo com essas questões ainda em estudo, Hallak considera o nitroprussiato de sódio uma alternativa mais vantajosa em relação aos tratamentos farmacológicos já existentes, que conseguem combater a alucinação, mas não sanam outros problemas, como a perda da capacidade cognitiva. “O problema é que os medicamentos disponíveis melhoram parcialmente os sintomas que os pacientes apresentam. Dificilmente você vê um paciente voltar 100% a seu funcionamento normal, por isso a necessidade de novos estudos.”

Assista ao vídeo da entrevista com Dr. Jaime Hallak

Fonte: G1

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