O Portal Entendendo a Esquizofrenia tem por princípio e linha editorial publicar notícias e artigos informativos e propositivos, que possam auxiliar as pessoas que convivem com a doença. Não publicamos tragédias ou violências por acreditarmos que são exceções e não contribuem para os avanços tanto no lidar com o problema como no combate ao estigma.

Contudo, sentimo-nos no dever de repercutir essa notícia grave e que afronta todos nós, cidadãos de bem, e especialmente as pessoas com esquizofrenia e seus familiares.

Um morador do Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio, denunciou que policiais militares do 41º BPM (Irajá) agrediram o irmão, que é portador de esquizofrenia, dentro de casa. Ele afirma que PMs chegaram a chicotear o rapaz. Fotos mostram as costas dele com diversas marcas da agressão.

O caso foi registrado na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) e está sendo acompanhado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Segundo o irmão, a PM entrou na casa à procura de criminosos. O rapaz apresentava dificuldade para falar e responder às perguntas dos policiais devido ao transtorno. Os policiais teriam, então, decidido torturá-lo para que apontasse o paradeiro de criminosos que estariam sendo procurados.

“Encontraram o meu irmão deitado, dormindo. Acordaram ele com um tapa,” contou o morador.

“Eles pegaram meu irmão e começaram a chicotear ele. Botaram sentado no quarto e começaram a chicotear ele”, afirmou.

“Jogaram as minhas coisas todas para o alto. Quebraram a casa toda, até o muro.”

A história de truculência de policiais da PM do Rio de Janeiro nas operações nas comunidades é conhecida há tempos. Vários moradores já denunciaram invasões às casas e agressões a inocentes.

A violência policial contra qualquer pessoa inocente já é inaceitável. A barbárie contra uma pessoa que tem uma doença que a deixa mais vulnerável é mais grave ainda, pois os danos psíquicos desse trauma para ela podem ser irreparáveis.

A corregedoria da PM e o MP do Rio têm o dever de apurar o ocorrido e punir os policiais envolvidos. A imprensa, a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro precisam acompanhar os desdobramentos desse caso, pois infelizmente violências contra doentes mentais tendem a cair no esquecimento e a ficar impunes.

Não se trata apenas de um caso isolado. Essa agressão representa a covardia e a violência contra pessoas que não possuem as mesmas condições de se defenderem.

A família do rapaz, com medo de represálias, abandonou a casa onde morava. Os dois irmãos não pensam em voltar.

Fonte: com trechos da reportagem do G1/Globonews

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