Paris e o sudeste de Londres têm as maiores taxas de pessoas que reportam episódios de psicose, de acordo com um estudo internacional divulgado nesta quarta-feira (6) que compara as taxas de distúrbios mentais em seis países.

Um total de 17 áreas em Brasil, Grã-Bretanha, França, Itália, Holanda e Espanha foram analisadas pelo relatório do Journal of the American Medical Association (JAMA) Psychiatry.

Os pesquisadores descreveram o estudo como a maior comparação internacional de transtornos de psicose feito até agora, e a primeira grande análise deste tipo em mais de 25 anos.

Um estudo anterior, de 1992, que abarcou oito diferentes ambientes, rural e urbano, em Índia, Japão, Europa e América do Norte descobriu que as taxas de distúrbios esquizofrênicos eram “surpreendentemente similares”.

Mas o estudo mais recente encontrou que as taxas de psicose podem estar perto de serem oito vezes maiores em algumas regiões quando comparadas com outras, com a menor incidência na área ao redor de Santiago, na Espanha, e a maior no interior de Paris e na parte sudeste de Londres.

“Está bem estabelecido que distúrbios psicóticos, como a esquizofrenia, são altamente hereditários, mas a genética não conta a história toda”, disse o autor principal, James Kirkbride, professor de Psiquiatria na University College London.

“Nossas descobertas sugerem que fatores ambientais também podem exercer um grande papel”.

O estudo foi baseado em pessoas com idades entre 18 e 64 anos que entraram em contato com os serviços de saúde após suspeitarem de um primeiro episódio psicótico.

Um total de 2.774 casos foram analisados.

A densidade populacional não foi um fator na taxa psicótica, assim como as diferenças não são explicadas por idade, sexo ou composição étnica.

Pelo contrário, os pesquisadores notaram taxas mais elevadas em homens jovens, entre minorias étnicas e raciais, e que mais a alta taxa de transtornos psicóticos estava relacionada com áreas onde as casas eram ocupadas por pessoas que não eram proprietárias dos imóveis, segundo o relatório.

As descobertas sugerem que “a privação social” pode ter a ver, afirmou a coautora Hannah Jongsma, pesquisadora da University of Cambridge.

“Pessoas em áreas privadas socialmente podem ter mais estresses sociais, o que poderia prever a incidência de psicose, como sugerido por outros estudos”, disse Jongsma.

“Uma explicação alternativa poderia ser que ser dono de uma casa seria um indicador social de estabilidade e ligações, relacionando a uma rede de apoio mais forte”.

De acordo com um editorial na JAMA, o estudo, como o de 1992, “levanta mais perguntas do que responde”.

“Esperamos que isso impulsione outros esforços internacionais para explorar como a variação nos ambientes socioculturais pode estar associada à incidência de psicose”.

Fonte: Em.com.br

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