“Esse homem é um gênio.”

Essa era a única frase na carta de recomendação que os professores de John Nash escreveram para que ele enviasse à Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, onde fez seu doutorado em matemática. Na época, ele tinha menos de 21 anos.
O matemático americano e prêmio Nobel de Economia morreu neste sábado em Nova Jersey, em um acidente de carro. Sua história de vida rendeu um filme, Uma Mente Brilhante.

Nash e sua esposa, Alice, morreram quando o motorista do táxi onde estavam perdeu o controle do carro ao tentar fazer uma ultrapassagem e se chocou contra uma barreira na estrada onde estava, segundo explicou o porta-voz da polícia estadual Gregory Williams.

O casal estava voltando de uma viagem à Noruega, onde Nash havia recebido um prêmio da Academia Norueguesa de Ciências e Letras.
O taxista e o motorista do outro veículo foram hospitalizados com lesões graves.

Valentia

Nash, que tinha 86 anos, foi premiado com o Nobel em 1994 por suas descobertas reunidas na chamada Teoria dos Jogos.

Ele era considerado um dos grandes matemáticos do século 20 e ficou conhecido pela originalidade de seu raciocínio e por sua valentia ao enfrentar problemas difíceis que outros não se atreviam a tentar resolver.

Mas durante boa parte de sua vida, essa força também foi usada para lutar contra a esquizofrenia. Sua batalha contra a doença foi retratada no filme Uma Mente Brilhante, que ganhou quatro estatuetas no Oscar de 2012, inluindo o de melhor filme.

Russell Crowe, que interpretou Nash no filme, tuitou: “Atordoado… Meu coração está com John, Alicia e sua família. Uma parceria incrível. Mentes brilhantes, corações brilhantes…”

Equilíbrio

Nascido em Bluefield, no estado americano de Virginia, em 1928, Nash primeiramente estudou engenharia química na Universidade Carnegie Mellon, onde um de seus professores o convenceu a se especializar em matemática.

Assim, ele se transferiu para a Universidade de Princeton, onde se obteve seu doutorado aos 21 anos com sua Teoria sobre os Jogos.

Foi nessa época que o futuro prêmio Nobel começou a desenvolver o chamado “equilíbro de Nash” ou a Teoria dos Jogos, uma de suas principais atribuições na área da matemática que se decida à análise dos processos de tomada de decisões.

Segundo sua teoria, a competição entre dois oponentes pode também ser influenciada pela cooperação entre eles. Por exemplo, os dois rivais podem, individualmente conseguirem seus objetivos máximos se cooperarem um com o outro, ou não ganharão nada caso se neguem a cooperar.

A vitória ou derrota de uma competição se equilibra com exatidão com as derrotas e as vitórias dos outros participantes.

A teoria é hoje onipresente na economia e em todas as ciências sociais, além de ser aplicada frequentemente em outros campos, como a biologia evolutiva.

Alice

Nesta mesma época, quando já era professor do Massachusetts Institue of Technology (MIT), Nash conheceu Alice, uma estudante de origem salvadorenha.

Eles se casaram em 1957 – e acabaram se separando seis anos mais tarde, embora Alice continuasse a ser uma figura-chave na luta do matemático contra a esquizofrenia.

Depois de anos de internação e de terapias de choque sem resultado, Nash acabou se recuperando aparentemente quando decidiu não mais ficar doente, nos anos 80.

“Saí do meu pensamento irracional sem nenhum medicamento além das mudanças hormonais naturais do envelhecimento”, escreveu o matemático em 1996.

Graças também ao apoio de Alice, ele aprendeu a controlar suas alucinações e retornar à docência e à pesquisa nos anos 90. E os dois voltaram a se casar em 2001 – ambos trabalhavam juntos em temas ligados à saúde mental.

Fonte: BBC

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