Pesquisa realizada pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) da Espanha e por especialistas do Hospital Universitário Marques de Valdecilla, do mesmo país, conseguiu identificar 200 genes com alterações em pacientes com esquizofrenia, fato que pode melhorar técnicas voltadas para o diagnóstico e tratamento da doença.

Segundo o trabalho, publicado nesta terça-feira (20) na revista científica “Molecular Psychiatry”, os resultados iniciais da pesquisa apontaram que pacientes com esquizofrenia apresentam alterações em genes ligados ao sistemas imunológico e inflamatório.

Para obter tais resultados, os investigadores analisaram o sangue de 32 pessoas com esquizofrenia e de 40 indivíduos saudáveis. A comparação dos perfis genéticos desses pacientes revelou diferenças em 200 genes que estão implicados em sete processos biológicos ligados, por exemplo, a imunidade e inflamações agudas.

Segundo Jesus Sains, do Instituto de Biomedicina e Biotecnologia da Universidade de Cantabria, apesar do pequeno número de indivíduos analisados, os dados sustentam modelos de desenvolvimento neurológico sobre a esquizofrenia propostos nas últimas décadas.

Ainda de acordo com Sains, o modelo pesquisado indica que a esquizofrenia seria consequência de uma exposição do feto, ainda na barriga da mãe e pouco após o seu nascimento, a fatores que produziriam uma imunidade vulnerável que permaneceria “adormecida” até a pessoa chegar na puberdade.

“A hipótese é que essa vulnerabilidade vai se apresentar em torno da puberdade, de modo que os indivíduos afetados são considerados mais suscetíveis a infecções e problemas imunológicos que contribuem para a esquizofrenia”, divulgou o pesquisador em um comunicado.

Novos métodos para tratamento

Ainda segundo os autores, os resultados do estudo podem ajudar a desenvolver métodos para diagnósticar pacientes antes que eles apresentem sintomas da doença. De acordo com a pesquisa, os dados fornecem também informações para o desenvolvimento de novos medicamentos e readequação daqueles já utilizados para o tratamento da doença.

A esquizofrenia é um distúrbio crônico que atinge o cérebro, causando alucinações e delírios. Há remédios eficazes para controlar as crises, afirmam os médicos, mas eles precisam ser tomados com frequência para evitar que o paciente tenha surtos e eles se agravem.

Além dos sintomas de delírio, o paciente pode ter a sensação de que uma voz está mandando que ele faça algo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial tem esquizofrenia.

Fonte: G1

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